segunda-feira, 7 de junho de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Novo site

Dê uma olhada no novo site da casa da poesia clicando aqui.

Em breve as fotos do Cordel na Feira, aqui.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sob o ritmo do cordel em Arraial do Cabo


“Mas o poeta quer sobreviver.
E recomeça, eterno,
A invenção da utopia.”
(Anderson Braga Horta)

A esperança de ver o mundo modificado, com maior valorização das relações humanas e o olhar direcionado para a cultura é o que parece mover algumas pessoas. Talvez elas sejam poucas, mas são essenciais na construção de uma nova história, com novos paradigmas, gerando uma força contagiante ao seu redor. É assim que percebo as ações que estão sendo desenvolvidas através de alguns projetos em andamento na Região dos Lagos, como o da Casa da Poesia, em Arraial do Cabo. Com amplo apoio do empresário Paulo Ribeiro e sua esposa Maria Luisa Barreto, o pequeno espaço sediou nos dias 7 e 8 de maio um evento sobre literatura de cordel que deve ficar marcado no coração e mente de muita gente.

Sob a coordenação de Fernanda Machado, o evento foi aberto na noite do dia 7 como uma confraternização de cultura popular. Com decoração temática, a Casa da Poesia serviu de cenário para performances do ator e cordelista pernambucano Edmilson Santini, do jovem ator Diego Sá, e dos músicos Junior Carriço e Pavão da Gaita, além de outros artistas que se somaram ao grupo, numa celebração à vida e à arte, sob o manto sereno de um flamboyant que complementa a paisagem do local. Também houve espaço para a reflexão acadêmica, com o escritor Wilnes Martins fazendo uma abordagem sobre a história da literatura de cordel, e o professor João Moreno abrindo um leque de múltiplas leituras sobre o poeta e pescador Cecílio Barros Pessoa, tema de sua dissertação de mestrado. A “celebração” teve continuidade no sábado pela manhã na feira livre do município, onde Santini expôs sua obra e apresentou o rico e variado repertório cordelista para o povo local. E na noite do dia 8, o evento foi encerrado com a exibição do filme “Patativa do Assaré”.

A simplicidade dos versos dos cordéis revela a riqueza da cultura popular. Através de um sistema habilmente estruturado de rima, métrica e oração — como tão bem frisou Edmilson Santini durante o evento —, os poemas ganham uma função social plenamente integrada ao seu meio. O cordelista pernambucano, vestido a caráter como um colorido trovador de outros tempos, inserido em nosso contexto pós-moderno, ressaltou a importância do verso popular na formação cultural dos jovens. “A literatura de cordel pode ser uma excelente ferramenta também na educação”, disse, fazendo referência ao projeto que desenvolve em escolas no Rio de Janeiro, onde são realizadas oficinas de criação de cordel.

O evento realizado pela Casa da Poesia mostra que ainda há espaço para sermos sublimes, para cultivarmos a beleza e respeitarmos as muitas raízes que sustentam a cultura popular nas pequenas cidades do país.


Camilo Mota é poeta e jornalista, editor do Jornal Poiésis (www.jornalpoiesis.com)
Artigo retirado do blog do autor, no endereço O Homem e Seus Óculos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Poema ao Filho “Pavão da Gaita”
(Cecílio Barros)


Ao solo numa esteira adormecido
Vê-se um ébrio infeliz ali deitado
Vagando pelas ruas maltrapilho
E talvez pela família desprezado


Eu choro e sinto de lhe ver assim
Cabelos grandes, barba até o peito
Jogado a rua em moita de capim
A terra fria é seu próprio leito


Ó Deus, tenha compaixão
Deste infeliz e desta triste sina
Dê-lhe o amor, dê-lhe a luz divina
Se for teu filho, considere irmão.


CECÍLIO BARROS PESSOA nasceu em 30 de outubro de 1902 em Arraial do Cabo, filho de João Barros Pessoa e Ana Leopoldina Pessoa. Foi casado com Possidônia Figueiredo Pessoa com quem teve onze filhos dos quais quatro estão vivos: Mires Barros Pessoa, o mais velho, Ana Barros Sameiro, Fernando Barros Pessoa Sobrinho, carinhosamente e popularmente conhecido como “Pavão da Gaita” e Palmira Barros Cordeiro. Cecílio Barros trabalhou a maior parte de sua vida “na pesca”; por pouco tempo, na Companhia Nacional de Álcalis, emprego que conseguira por intermédio do Professor e Antropólogo Eraldo Lopes, que era pesquisador do Museu Nacional e que tinha pelo poeta grande estima, chamava-o de “Dr. Poeta". Aos doze anos a poesia aflorou em sua mente, quando teria recebido uma “mensagem vinda de cima”, confissão que fizera a seu filho Mires Barros Pessoa com quem tinha relações muito próximas. Daí por diante não parou mais de criar suas poesias. Segundo relato de Mires, teria feito cerca de mais de 800 poesias, todas “de memória” e recitava-as a qualquer momento. Foi o grande responsável por documentar, através da poesia mnemônica, toda uma época da vida de Arraial do Cabo, narrando seus costumes, suas festas, os casos engraçados, os naufrágios de embarcações, morte, casamentos, os elementos religiosos, lendas e folclore, contribuindo, sobremaneira, para determinar o tipo de relação humana existente no Arraial dos anos 20 até os anos 70 do século passado. Tudo era motivo para que Cecílio fizesse “um mote”, “uma décima” ou uma “redondilha”. Além disso, é importante salientar que, em suas poesias, Cecílio colocava em evidência um elemento essencial da cultura do povo cabista, isto é, a sua linguagem, deixando patente a marca de um vocabulário peculiar a uma comunidade que viveu por muito tempo no isolamento e que conservava, por força da tradição oral, uma estrutura morfológica e fonológica no seu modo de expressar. Segundo depoimento do Senhor Joaquim “de Gorgulho”, o poeta se tornou uma grande referência para antropólogos, pesquisadores do Museu Nacional que vinham a Arraial do Cabo nos anos 60, para a realização de pesquisas, sob a coordenação da Professora Heloísa Alberto Torres. Os primeiros contatos eram feitos com Cecílio Barros, principal alvo daquelas pesquisas, uma vez que este poeta trazia em sua bagagem cultural toda uma tradição antropológica secular. Daí sua grande contribuição a outros campos do saber humano. Grande parte de suas poesias se perdeu e, se algumas tantas ainda sobrevivem, necessário é que se cuide quanto à fidelidade da fonte pesquisada. Cecílio Barros Pessoa faleceu no dia 21 de fevereiro de 1981, numa terça-feira de carnaval, aos 79 anos.


João Moreno

sexta-feira, 30 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010



Reportagem feita pelo Jornal Poiésis na inauguração da Casa, em 8 de junho de 2007.

sábado, 17 de abril de 2010


A Casa da Poesia é um espaço físico, existente há três anos em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. A idéia foi aproveitar a casa onde viveu o poeta Victorino Carriço (mais tarde, voltaremos a falar dele) e incorporar a arquitetura tradicional cabista junto à Igreja Nossa Senhora dos Remédios e ampliar valores transcendentais. Além desse símbolo histórico, religioso, paisagístico, estético, a Casa da Poesia poderá ser um espaço de contato com a Poesia, através da leitura, do relaxamento, da meditação, da criação, do intercambio prazeroso com outras pessoas. No entanto, como sabemos, o caminho se faz caminhando. Não há programa fechado. Os usuários têm apresentado propostas de utilização da Casa, por exemplo, grupos de universitários e de alunos de cursos do ensino fundamental e médio têm usado a casa para encontros, exercícios e visitas produtivas. Visitantes têm feito e registrado belos poemas (que ao longo do tempo disponibilizaremos aqui).

Mas por que poesia?
“Já não me habita mais nenhuma utopia, animal em extinção.Quero praticar a poesia, a menos culpada de todas as ocupações” – disse Paulo Leminski.
Arraial do Cabo rima com Poesia. Tem tudo a ver! Além disso, a Poesia não precisa de grandes construções, não precisa de grana, não precisa de energia, saúde ou petróleo, não precisa de juventude, nem sexo.

Se você quiser participar ?
É só chegar !